"A minha candidatura vem responder às aspirações de uma juventude. Eu sou uma mulher jovem (...) Conheço a ideologia política da Renamo como a palma da minha mão e acho que todos os que andaram a pedir-me para que me candidatasse notaram que há algum potencial que deve ser aproveitado para dinamizar o partido", declarou a antiga chefe de bancada parlamentar do principal partido de oposição em Moçambique, em entrevista à Lusa.

A deputada considera que "é uma candidatura com tudo para pôr o partido nos carris e uma candidatura com tudo para devolver a esperança aos moçambicanos".

Ivone Soares, 44 anos, é um dos 10 membros, entre os quais o atual líder do partido, Ossufo Momade, que apresentaram as suas candidaturas para a presidência da Renamo, cuja eleição vai decorrer no congresso a realizar-se em 15 e 16 de maio em Alto Molócue, na Zambézia, província do centro de Moçambique.

O congresso, que vai contar com cerca de 700 representantes, deverá também eleger os novos órgãos da Renamo cujo mandato expirou em 17 de janeiro, num momento em que a atual direção do partido, sobretudo o seu presidente, enfrenta diversas críticas interna e externamente.

"Há grupos que se consideram discriminados, se sentem excluídos, marginalizados e por conta disso, vão havendo desinteligências constantes, que até atrapalham o exercício do mandato de quem está na incumbência da direção do partido", acrescentou Ivone Soares, sobrinha do histórico líder da Renamo Afonso Dhlakama, que perdeu a vida em maio de 2018 e foi substituído por Ossufo Momade.

O Conselho Nacional da Renamo aprovou em abril o perfil do candidato do partido para as eleições presidenciais de outubro, exigindo, entre os requisitos, 15 anos de militância ininterrupta aos candidatos.

Esta foi uma decisão contestada por alguns membros, sobretudo apoiantes do político moçambicano Venâncio Mondlane, que também apresentou a sua candidatura e que submeteu, na sequência, uma providência cautelar ao Conselho Constitucional (CC) exigindo a anulação deste perfil.

"Eu preencho o perfil e mesmo nas eleições de 2019 [em que o atual presidente foi eleito] eu já preenchia o perfil", frisou Ivone Soares, prometendo uma Renamo "aglutinadora", caso a sua candidatura seja aprovada e ela seja eleita para a função.

Além de líder da bancada parlamentar do partido, Ivone Soares integrou a Comissão Política da Renamo por 12 anos, tendo também presidido a Liga da Juventude daquela força política de oposição em Moçambique.

O líder atual do partido tem sido externa e internamente criticado devido a alegada inércia face a supostas irregularidades nas eleições autárquicas moçambicanas de outubro passado, sendo também acusado de negligência face à situação dos guerrilheiros do partido desmobilizados à luz do acordo de paz com o Governo.

"Estes homens e mulheres que combateram para termos a democracia não podem ser desprezados em hipótese alguma. E é por isso que pretendo criar um Conselho Nacional de Defesa e Segurança dentro da Renamo", acrescentou Ivone Soares.

Moçambique realiza em 09 de outubro eleições gerais, incluindo presidenciais, às quais já não pode concorrer o atual Presidente, Filipe Nyusi, por ter atingido o limite constitucional de dois mandatos.

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, escolheu o atual governador da província de Inhambane, Daniel Chapo, 47 anos, o primeiro candidato da força política nascido após a independência (1975).

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Lusa/FIm